sexta-feira, 8 de agosto de 2014

EPISÓDIO 1 - PILOTO (SEPULCRO)


EPISÓDIO 1x1: PILOTO
ESCRITO POR RAUL ORIHARA
DIRIGIDO POR RAUL ORIHARA
SUPERVISIONADO POR RENAN AMORIM
LANÇAMENTO: 8 DE AGOSTO DE 2014







CENA 1. RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA SUMMERS INT. NOITE

FADE IN

LEGENDA: NOVA IORQUE, 2000.

 
 [Música Tocando: Lado de Lá - Pitty]

    ELIZABETH SUMMERS (Kelly Rutherford) toca piano sozinha na cobertura de sua casa. Tonta, ela se levanta e vai até um frigobar onde enche mais uma taça de vinho. Ela pega uma faca e anda até o centro do salão. Gotas vermelhas caem no tapete branco. A taça cai de suas mãos e quebra. O tecido fica manchado de vinho. A mulher rasga a parte inferior de seu vestido preto com a faca. Ela chora, borrando toda a maquiagem dos olhos. Ainda com a faca, ela corta seus cabelos dourados e espalha os fios pelo tapete. Ajoelha-se e acaba se cortando com os cacos da taça. Gemendo e tonta, ela se dirige à SACADA e observa o céu estrelado. Sua pequena filha de cinco anos observa tudo escondida atrás da porta de entrada do salão. Uma outra mulher (Amanda Seyfried) aparece ao lado dela e lhe passa a mão nas costas.

MULHER: Não se preocupe querida... Faça o que você tiver de fazer. 
Elizabeth: Por que tudo tem que ser assim tão difícil pra mim?
Mulher: Nada na vida é fácil, amorzinho. Do outro lado é muito melhor.
Elizabeth: Será... Será que eu nunca terei paz?! Por que tudo perdeu o sentido?
Mulher: Por que do lado de lá está a razão da sua existência.
Elizabeth: Tudo perdeu o sentido. Do que me vale tudo isso?! Será que alguém pode me responder?! Por que eu não tenho mais forças?! 
Mulher: Eu posso responder... Você é fraca, amor. Fraca como todos os outros. E é a tua fraqueza que te levará daqui. Não tenha pressa... (sorri) Temos todo o tempo do mundo!
Elizabeth: O que diabos você faz aqui?!
    Num susto, a pequena filha de Elizabeth cai para trás, mas levanta-se rapidamente.
Alice: Desculpe-me, mamãe... Eu... Está tudo bem? A senhora tá sangrando...
Elizabeth: Saia daqui, Alice! Vá para o seu quarto! Está tudo bem... 
Alice: Mas a senhora...
Elizabeth: Eu mandei você sair daqui! Rápido! Vá para o seu quarto.
   Alice olha fundo nos olhos da mãe e sai bem devagar. Elizabeth observa-a sumir e se põe a chorar. Ela se ajoelha e olha para o alto. A câmera se afasta um pouco. Elizabeth se levanta e olha para baixo. A avenida está pouco movimentada. Ela fecha os olhos e enxuga o rosto. 
Elizabeth: Aqui jaz...
Mulher: ...Tuas angústias!
   Elizabeth se joga da sacada. Enquanto ela desce como um cometa, a mulher que estava ao seu lado aparece e pega sua mão. Os olhos avermelhados cintilando na velocidade da descida. Ela sorri para Elizabeth e suas mãos começam a emitir um fogo negro e rubro. As chamas se apoderam do corpo de Elizabeth. Ela cai na rua, quebrando todos os seus ossos e a cabeça. A câmera volta para a SACADA, onde a pequena Alice observa tudo imóvel. Uma lágrima escorrega por seu rosto.
Corta.



CENA 2. SANATÓRIO VERMONT/NOVA IORQUE - NOITE

LEGENDA: DIAS ATUAIS 

Um prédio de tijolos vermelhos com um enorme jardim ao seu redor. Todos os internos estão dormindo, menos ALICE SUMMERS (Bella Thorne). Ela está em seu quarto desenhando. Nas paredes estão desenhos obscuros. Pessoas sangrando e gritando. CAM focaliza na garota, ela arfa muito enquanto desenha alguma coisa. Seu cabelo está assanhado e a janela do quarto está aberta, porém há uma grade. Ela olha para os lados, assustada. A imagem se divide entre os desenhos dela e os seus olhos. As mãos riscando muito rápido o papel. Um forte vento invade o quarto e derruba os desenhos na parede. As cortinas se levantam. A garota começa a gritar. Os monitores entram no quarto para acalmá-la. A câmera se afasta e um desenho voa para fora pela janela. 
   Corta para o papel passando pelos jardins do lugar e pousando em uma poça d'água na rua. O rosto de uma mulher loira perfeitamente desenhado é tomado pela água e afunda na poça, descendo pelo esgoto.

    CENA 3. MANSÃO DA FAMÍLIA DANIELS EXT. TARDE
  
 LEGENDA: UM ANO DEPOIS

     
 [Música Tocando: Applause - Lady Gaga]

 Uma linda festa está sendo dada por DAKOTA DANIELS nos jardins de sua mansão. Garçons servem drinks coloridos e petiscos. Algumas pessoas conversam e se divertem nas piscinas da casa. Dakota e Alice andam juntas pelos jardins onde tendas e almofadas estão erguidas para o conforto dos convidados. 
Dakota: Então, diga-me, Alice. Está se sentindo bem na Califórnia?
Alice: As pessoas aqui são mais animadinhas do que as que eu conhecia em Nova Iorque. Pelo menos, é a primeira coisa que eu consegui notar.
Dakota: Hm, e você está corretíssima. Seja bem-vinda ao glamour com um toque a mais de ousadia da Costa Oeste. Nós não temos medo de sair de nossas zonas de conforto e eu espero que você também não tenha.
Alice: Claro, digo, se tivesse jamais teria saído da minha zona.
Dakota: Pois bem, querida. Saiba que Rosale Hill é uma das cidades mais calmas por aqui, de poucas... É claro. 
Alice: Nem me atrevo a ver o que tem nas mais agitadas.
Dakota: Mas deve. Se quiser ser bem sucedida, você não pode ter medo da diversão e da criatividade. Tem que ter medo da mesmice.
Alice: Disso eu sei me livrar. 
Dakota: Percebe-se, já que veio parar aqui. Seu pai me disse que está aqui procurando por sucesso profissional. Ele me contou que você desenha e costura muito bem. Isso é bom.
Alice: Quero expandir meu talento. Disseram que eu tenho.
Dakota: (sorri) Quem disse não mentiu e vai para o céu. Dei uma olhada em seus modelos quando estive conversando com Richard. Sabemos que você está preparada para arrasar e quer saber de uma coisa? Pode contar comigo para o que precisar. Eu tenho garotas incríveis! Posso disponilizá-las para um futuro desfile, se quiser. 
Alice: Sério?!
Dakota: Claro. Sua família sempre se mostrou muito minha amiga e colocar um talento nascido em seu berço no centro das atenções é o mínimo que eu posso fazer.
Alice: (sorri) Eu... Eu não sei o que dizer.
Dakota: Não diga nada, querida(pega taças de champagne para as duas) Apenas beba! Hoje é um grande dia.
Alice: O seu novo projeto... Incrível!
Dakota: Penso que há muitas garotas e garotos talentosos em pequenas cidades como Rosale Hill e nada melhor do que fazer essa futura seleção. Você mora aqui e é um dos tipos ideais para a minha coleção de modelos.
Alice: Estou longe disso.
Dakota: Eu sei que sim. Eu vejo ambição em seus olhos e uma carreira de modelo é pouco para esse olhar visionário.
Alice: Não sei como reagir.
Dakota: Comece parando de não saber das coisas. Seja direta e firme. 
Alice: Ok. Então abrirá portas para novos modelos?
Dakota: Exatamente. 
Alice: Isso será bom. Sua casa é em Rosale Hill e não havia vestígios da sua agência por aqui.
Dakota: Nunca quis me envolver com essa região. Minha praia sempre foi no centro de Los Angeles, Alice e no centro não há praias. Mas com o tempo ao observar a beleza das pessoas litorâneas, eu consegui enxergar a luz deste lugar.
    Dakota bebe sua champagne num só gole, assustando Alice que ainda não tinha nem chegado ao meio.
Dakota: Nós vamos dominar tudo isso aqui!
      [Música Encerra]
     Uma Ferrari fura um cercado de arbusto e invade a festa, atropelando réplicas de estátuas gregas e destruindo algumas mesas no jardim. Dakota observa tudo impassível.

CENA 4. CASA DA FAMÍLIA SULLIVAN INT. TARDE

    HEAVEN SULLIVAN (Logan Lerman) abre a porta de sua casa e observa o ambiente escuro. Em sua frente está uma escadaria. Ele deixa suas malas aos pés da escada e segue até a SALA PRINCIPAL. CAM focaliza os quadros na parede da sala. Heaven e sua família em um gigante quadro por sobre uma lareira. Ele fita o quadro durante alguns segundos até que CONRAD SULLIVAN (Ian Somerhalder) aparece.
Conrad: (sorri) Olha quem chegou! Se não é o Sullivan mais zangado de todos...
   Heaven não sorri.
Conrad: O que houve? Voltou mais cedo do passeio com a Claire? Conta aí como foi a viagem? Foi ótima, não?
Heaven: Poupe-me da sua ironia! Aquele desgraçado não me ensinou o que eu quero saber.
Conrad: O que quer que ele te ensine?
Heaven: Muitas coisas das quais eu não sei. Eu passei um ano nas mãos daquele infeliz e eu não aprendi nada!
Conrad: Pra quê quer saber tantas coisas? O que você tem já é o suficiente. Irmão, você só faz burradas... Dessa vez, você vai parar, não vai?
Heaven: Você vai me pagar muito caro por ter me mandado com Claire para aquele inferno!
Conrad: Não tive outra alternativa. Se alguém deve algo a alguém, esse alguém é você. Até porque você estava dando trabalho demais e do jeito que estava iria acabar morrendo cedo ou tarde.
Heaven: O que queria que eu fizesse? Eu não nasci para ser só mais um, Conrad! Eu nasci para ser mais! Nasci para ser quem eu sou. Jamais vou rejeitar as minhas raízes.
Conrad: Será que não percebe que ao seguir os seus ideais, você está se distanciando da suas verdadeiras raízes? Pense um pouco.
   Conrad vira as costas para o irmão, indo em direção a porta. Uma espécie de chama negra envolve o corpo de Heaven, iluminando toda a sala, e ele sobrevoa a sala tentando atacar o irmão. O quadro da família cai da lareira. A sala escurece novamente e a câmera dá close no rosto de Heaven machucado. Conrad o segura pelo pescoço e o joga contra a parede.
Conrad: Veio mais atrevido do que quando foi embora. Isso não é nada bom... Para você, é claro. Não pense que só porque foi treinar com o meu mestre, vai me agredir quando bem entender. Ele não te ensinou tudo... Bom, se comparado a mim, ele não te ensinou porra nenhuma. Mas já que deve ter aprendido alguma coisa com ele, vai ser forte o suficiente para aguentar meus golpes! 
    Heaven se levanta.
Heaven: Seu babaca! Não vai mais controlar a minha vida.
Conrad: Não vou. Eu só quero que você controle isso que você chama de cérebro e comece a agir com maturidade. Você não pode fazer tudo o que você quer.
Heaven: E nem tudo o que vocês quiserem que eu faça!
Conrad: Sem mais conflitos, Heaven. Acabou.
Heaven: Não acabou. Eu vou continuar de pé. Eu sou um Reaper! Um anjo da morte como a minha mãe e eu irei honrá-la.
Conrad: E quanto ao nosso pai? Vai desonrá-lo? 
Heaven: Eu não tenho culpa de ter nascido humano, também. Prometi a mim mesmo que eu seria tão bom quanto a minha mãe e eu serei.
Conrad: Está deixando isso te dominar, Heaven!
Heaven: E você? Não acha que está indo longe demais com essa ideia de viver para ser um reles humano? Vivendo essa vidinha de modelo... Bebendo e curtindo como se tudo isso fosse engraçado e tivesse algum significado. Você não cansa?
Conrad: Eu sei equilibrar as coisas, irmão. Já você, eu sinto muito, mas você está passando de todos os limites.
Heaven: Eu quero a glória total.
Conrad: Você está ficando maluco.
Heaven: (sorri) Não. Eu estou ficando sábio. Claire me disse que seria um desperdício não me ter sempre presente em um exército tão forte como o dos Reapers.
Conrad: Não vai realizar isso nunca! Nenhum dos Reapers permitirá que você quebre as regras de nossa sociedade. Aprenda, Heaven, nem tudo o que se quer se pode ter.
Heaven: Se eu ficar parado como você fica, eu tenho certeza que não terei o que eu quero.
Conrad: Ok. Faça o que você quiser, mas não venha chorar para mim, depois. 
    Heaven percebe o irmão vestido elegantemente.
Heaven: Para onde você está indo?
Conrad: Para uma festa de humanos como você  e eu. Pessoas das quais você não gosta e que gostam de Martinis, coisa que você gosta.
Heaven: Imbecil... 
Conrad: Vai! Não fica zangado... (sorri) Vamos lá checar o local. Você esteve fora por um ano, precisa refrescar a memória.
Heaven: Talvez não seja assim tão ruim invadir uma festa humana e fútil.
Conrad: Hm. Continue me fazendo sorrir assim e eu te darei um doce.
Heaven: Engraçadinho. Eu vou com você, vai que morre alguém.




CENA 5. MANSÃO DA FAMÍLIA DANIELS EXT. TARDE

   
 
[Música Tocando: Rehab - Amy Winehouse]

   SKY DANIELS (Hunter Parrish) desce de seu carro, ele anda até o centro da festa. Dakota fica perplexa ao ver seu filho. Ele olha para todos ao seu redor e abre os braços, girando. 
Sky: Sejam todos muito bem vindos! Que festa linda!
    Dakota continua parada. Alice observa a cena, calada e fica ao lado da mulher.
Sky: Olá! (ele passa falando com os convidados, indo na direção da mãe)Oi... Oi, como vai? Boa festa, não?
Dakota: Mas o que significa isso, Sky?! 
Sky: Se você não sabe o significado de porre, eu não posso fazer nada pela senhora, mamãe!
Dakota: S-sky! Você está bêbado!
Sky: Não. Eu estou tonto apenas.
Dakota: Meu Deus! O que você fez?!
Sky: Eu não fiz nada. Me atrasei pra sua festinha?
Dakota: Eu vou matar você! Venha já comigo (pega o braço do rapaz)
  Sky se desprende da mãe.
Sky: Eu não vou a lugar algum com você.
Dakota: Sky! Aqui não. Por favor, vamos entrar.
Sky: Eu tô bem. Não vou com você!
Dakota: Você vai, sim!
     CAM focaliza na chegada de Heaven e Conrad a festa. Os dois observam a ferrari no meio do jardim e um buraco enorme no muro.
Conrad: Parece que os carros estão se locomovendo mais rápido do que nós, Heaven, e fazendo muito mais estragos também.
    A câmera se afasta e volta para Alice que toma sua champagne. Ela para por um instante e vê pessoas vestindo ternos pretos e vestidos negros passeando entre os convidados vestidos de branco e creme. 
Alice: Mas o que é isso?! 
  Ela gira, acompanhando os vultos e as pessoas sorrindo. Ela vê Heaven e Conrad Sullivan, também vestidos de preto. Alice grita, derruba sua taça de champagne e quando vai cair, Conrad a segura. Heaven observa a cena.
    [TELA PRETA]


   ABERTURA:




[Make Me Wanna Die - The Pretty Reckless]




CENA 6. MANSÃO DOS DANIELS EXT. TARDE
    Alice acorda em cima de almofadas. Ela se levanta e olha para o lado. Conrad se aproxima dela e lhe dá um copo com água.
Conrad: Olha só quem acordou...
   Alice franze o cenho.
Alice: O que aconteceu? Ai minha cabeça.
Conrad: Você desmaiou. Beba a água.
Alice: E-eu...
   Ela se lembra do que aconteceu, olha para Conrad. O rapaz já não está mais vestido de preto, mas sim usando roupas brancas.
Alice: Eu não sei o que houve. Não estou legal... Quem é você?
Conrad: Nós daqui das redondezas começamos com um Obrigado, já ouviu falar?
Alice: É... Desculpa. Valeu mesmo pela água e por ter me trago pra cá. 
Conrad: Tudo bem. Eu sou Conrad Sullivan, um dos modelos da agência da Dakota. 
Alice: Sério? Legal. Eu me chamo Alice Summers. 
Conrad: É parente da senhora Daniels?
Alice: Não, ela é apenas amiga da minha família.
Conrad: Ah... E tá tudo bem com você? Digo, você desmaiou assim do nada... Não quer que eu te leve a um hospital? Digo, se não soar grosseiro da minha parte.
Alice: Não. Não precisa... (pausa) Me levar pra canto algum. Eu apenas tive um desmaio, acho que por causa do calor. Eu não fui acostumada com esse sol batendo no rosto o dia todo. 
Conrad: Não é daqui?
Alice: Sou de Nova Iorque. Me mudei para a Califórnia há pouco e estou tentando me estabilizar profissionalmente por aqui... E ele é...
   Heaven aparece atrás de Conrad. O garoto está bastante sério e olha friamente para Alice. Conrad puxa o garoto para frente.
Conrad: Este é o meu irmão, Heaven. Mano, conheça Alice Summers. A garota que desmaiou.
Heaven: Oi, tudo bem?
Alice: Tudo... (sorri)
Heaven: Conrad, não banque o idiota e vamos atrás de algo para beber. Mal cheguei e estou de saco cheio deste lugar.
Conrad: Senhorita Summers, me desculpe, mas eu tenho que manter o meu irmãozinho aqui distraído.
Alice: Não se preocupe.
Conrad: Até logo.
Alice: Até.
     Os dois saem. Heaven olha para trás e encara Alice. A garota olha fixamente para ele, perplexa.
Alice: Esses dois...


 CENA 7. MANSÃO DOS DANIELS/SALA INT. TARDE

   Dakota entra numa sala vazia com Sky.
Dakota: Eu não acredito que você fugiu da reabilitação, Sky! 
Sky: O que queria que eu fizesse? Que continuasse preso como um condenado? Eu não cometi crime algum, tudo o que me aconteceu... Eu fui apenas uma vítima das suas situações.
Dakota: Pode me dizer o que é que você está querendo, Henri Sky Daniels? 
Sky: Nada! Nada que o seu dinheiro possa comprar, mamãe! O que eu quero, você não quer me dar.
Dakota: Acho que já conversamos sobre isso, garoto!
Sky: Sério que conversamos? Você nem conversa. Tudo fica bom quando você decide o que é bom, mas não fica para mim. Eu não estou legal.
Dakota: Filho, por que você tem que deixar as coisas mais difíceis entre nós? Será que não me entende?!
Sky: Não. Eu nunca vou entender. 
Dakota: Tudo o que eu faço é para o seu bem.
Sky: Eu tenho vinte e cinco anos, não preciso que ninguém faça nada para o meu bem, sendo que eu mesmo posso fazer. Você não faz para o meu bem, você faz para o seu orgulho.
Dakota: Ah, você queria que Deus e o mundo aguentasse as suas bebedeiras e uso de drogas ilícitas? Queria acabar com a sua vida e não queria que eu fizesse nada?
Sky: Eu não teria ficado naquele estado se você não tivesse me feito tantas raivas. A primeira delas... Uma só pergunta não respondida.
Dakota: Não seja grosso. Já te respondi mil vezes que eu não sei. Tudo não passou de um equívoco da sua parte, querido. Quando vai procurar esquecer o passado e viver sua vida? Você não precisa mais disso... Você tem dinheiro, pode fazer tudo o que você quiser... Viajar, festejar, sei lá o quê mais. 
Sky: Eu não preciso? Um pedaço de mim que tanto me prejudicou... Como encarar isso? Como você tem coragem de dizer que eu não preciso? EU preciso, sim! Preciso encontrar meus pais biológicos! Preciso esfregar na cara deles quem eu sou.
Dakota: Chega de imaturidade. Você não precisa provar nada pra ninguém. Sua família sumiu, entende? Você tem a mim, ao seu pai e ao seu irmão. Não precisa deles. Não precisa esfregar absolutamente nada na cara deles.
Sky: Você nunca vai me entender, mamãe.
Dakota: Não, Sky. Você que nunca vai me entender.
Sky: Eu sei que a senhora sabe e só está me enganando. O que você ganha com isso?
Dakota: Eu já falei que eu não sei de nada. Já chega! Quando vai parar de me irritar?
Sky: Sabe quando? Quando você estiver totalmente esgotada até chegar onde eu quero e encontrar a minha família. Aí, eu vou parar.
   Sky sai da sala. Dakota olha para o vazio, aflita.


CENA 8. MANSÃO DA FAMÍLIA DANIELS EXT. TARDE


    Heaven e Conrad andam pelos jardins da mansão.
Heaven: Qual foi a daquela garota?
Conrad: A Alice? Ela apenas desmaiou por causa do calor.
Heaven: Com razão, esse lugar é um inferno. Só estou aqui com você por causa da bebida.
Conrad: E porque, no fundo, você sabe que entre os humanos é o seu lugar.
Heaven: Não seja estúpido! Eu sei que você é, mas não precisa ficar lembrando o tempo todo.
    Heaven senta-se em um balanço preso numa árvore.
Heaven: Eu nunca vou me acostumar com isso que você chama de vida. Essas pessoas... Pra quê? Me responda. Não! Nem precisa, sua opinião nunca vale. Malditos infelizes que só servem mesmo para morrer. De vinte, apenas um se salva. 
Conrad: Você não os conhece direito, mesmo sendo um deles, Heaven.
Heaven: Muito pelo o contrário! Eu os conheço perfeitamente como a palma da minha mão. Não tente defendê-los.
   Heaven olha para outros reapers no jardim.
Heaven: Por que muitos de nós estão aqui?
Conrad: Eles estão fazendo o registro trimestral das almas. Calculando a quantidade de almas na cidade e suas numerações. 
Heaven: Eu não sabia nada sobre isso. Pra que serve?
Conrad: A Sociedade Reaper precisa ter trimestralmente um relatório sobre a expectativa de vida humana, idade e etc. É como se fosse uma pesquisa para dar códigos as almas e poder ter um controle mais abrangente sobre elas... É tudo bem...
    Conrad fica tonto e cai de joelhos. Heaven se levanta e o acode.
Heaven: Conrad, tudo bem?!
Conrad: Tudo, eu estou bem. Não se preocupe. Foi apenas uma tontura. Esse calor é mesmo um baita de um infame, não é?
Heaven: Tem certeza de que está tudo bem?
Conrad: Eu já disse que estou bem! 
    Ele levanta e anda um pouco, Heaven o segue.


CENA 9. HOTEL PARADISE/CENTRO DE ROSALE HILL - INT. DIA


   Imagens da cidade sob à luz do amanhecer. Pessoas começando o dia de muito trabalho e correria. CLAIRE YUMISAKI (Seo Joo Hyun)acorda. Ao seu redor estão várias pessoas jogadas pelo chão do seu quarto e pela cama. Ela se levanta e abre as cortinas.
Claire: Vamos lá, cambada! Acordando. Tá na hora de dar o fora daqui!
    Claire cutuca um cara com o pé.
Claire: Levanta logo, travesti! 
    A garota liga um aparelho de som.


 

[Música Tocando: Last Friday Night (Katy Perry Cover) - The Vegas Wake Up]

Claire: Andem logo! Se isso fosse o ataque ao World Trade Center, vocês todos já estariam  queimando no inferno.
Voz Off: Poxa, Claire...
Voz Off: Ah, não, qual é... Deixa a gente descansar.
Claire: Se querem descansar, eu sei de um cemitério aqui pertinho. Parem de encher meu saco! Peguem suas coisas e caiam fora.
      Ela puxa a capa da cama com força, derrubando duas garotas que dormiam.
Claire: Saiam da minha cama! Xô! Sumam! 
     Todos saem e Claire fecha a porta.
Claire: Finalmente, paz e diversão só pra mim.
    A garota começa a dançar em cima da cama só de calcinha e camisette. Ela pega uma garrafa de champagne e bebe. Claire pula na cama e dá gargalhadas sozinha. Depois segue até a janela do hotel, de onde vê vários Reapers vagando pelas avenidas de Rosale Hill. 
Claire: Eu mal acordo e já observo essa massa negra no ar. Não sabia que aqui morria tanta gente.
   [Música Encerra]
   Ela vai até seu armário e pega um vestido preto. Num flash, ela já está arrumada. Claire procura algo. Ela encontra sua bolsa e quando retira um tablet preto com detalhes em prata. Ela sorri quando a tela brilha e aparece o nome REAPER SOCIETY. A garota mexe em alguns ítens e recebe um email.
Claire: (zangada) sessenta?! Só? O que vocês pensam que eu vou ficar fazendo pelo resto do meu dia? Programa?! Era só o que me faltava...
   Ela desliga o aparelho. Alguém bate na porta do quarto. Ela abre.
Claire: Conrad? Você aqui? Quem morreu?
Conrad: Claire, você precisa me ajudar.
Claire: O que é?
Conrad: O Heaven... Agora que ele voltou, preciso fazer com que ele esqueça essa obsessão dele por morte. Parece que ele não aprendeu nada com o Mestre Maian. Ele está perdendo uma oportunidade para a vida dele, que é ser feliz, para se dedicar como um escravo a vocês. 
Claire: O que eu tenho a ver com isso? É uma decisão do Heaven e não sua.
Conrad: Eu sei disso, mas você está do lado dele e sabe que isso é errado. Eu mandei você levá-lo até Maian, justamente para que ele aprendesse tudo o que deveria aprender sobre os Reapers, mas o meu irmão voltou mais burro do que quando foi e muito mais teimoso. 
Claire: Deixe o garoto se divertir, Conrad. Se é isso o que ele gosta de fazer, permita que ele faça e deixe-o em paz.
Conrad: Acontece que Heaven pode acabar enlouquecendo! Ele não tem contato com nenhum humano desde que terminou a escola, a não ser eu. Neste exato momento, ele deve estar selando almas destinadas ao invés de acordar tarde como sempre fazia quando era criança. Meu irmão está estragado.
Claire: Não seja tão tolo. Heaven não vai pirar... Ele sabe o que é bom pra ele. Tem a mente no lugar e não vai perder a cabeça.
Conrad: Ele já perdeu. Não para um instante.
Claire: Você começou aos quatorze, ele começou aos dezoito. Heaven leva jeito pra coisa.
Conrad: Claire, acha isso lindo?
Claire: Acho isso honrável. Olha, eu sou amiga dele e não o incentivo a fazer nada. Ele apenas sabe que é um Reaper Mestiço e possui uma tarefa de selar uma quantidade de almas por dia, coisa que você se recusa a ser e por isso está aí, frágil. O que te faz crer que dez ou onze selamentos vão te manter de pé por muito tempo? Sua inteligência? Não querido. Apesar de seguir muitas regras com nitidez, só faz aquilo que quer. Reapers aumentam seus números de selamentos por sua causa e você fica aí morrendo espiritualmente. Deplorável. 
Conrad: Deplorável é o que estão fazendo com o Heaven. Eu disse para manter seus olhos nele, não disse?! Meu irmão é um humano, um adolescente.
Claire: Ele tem dezenove anos, Conrad. Não é mais criança e você não tem que ficar controlando ele.
Conrad: Enquanto ele estiver sob o meu teto, eu sempre vou controlar ele!
Claire: E o que vai fazer? Prendê-lo no quarto? Com o tempo e do jeito que você leva sua vida, Heaven ficará muito mais forte que você. Não vai ser páreo para ele.
Conrad: Não vê que eu só quero que ele tenha uma vida normal?
Claire: Vida normal? Isso nunca vai sair do sangue dos Sullivan, nem de nenhum outro. A mãe de vocês cometeu uma traição e os condenou a isso, mesmo antes de vocês nascerem. Se tentarem trair nossas leis, serão condenados a repetir os mesmos erros dela. Vocês são homens, mas também são Reapers e como nós, devem obedecer a Reaper Society acima de qualquer vontade carnal. Não vê você? É uma prova de desobediência, mesmo selando Destinados, gosta de se comportar como eles.
Conrad: O meu pai era um humano! Eu sou um humano também.
Claire: Como eu falei: você é um Reaper, também. Deve se comportar como um...
  Conrad observa a bagunça no quarto do hotel.
Conrad: Estou vendo que você se comporta perfeitamente como um, não é, Claire?
Claire: Eu apenas estou me divertindo um pouco. Aluguei esse quarto para curtir a vista dessa cidadezinha animada.
Conrad: Reapers não alugam quartos de hotéis. Reapers não se divertem com recursos dos mortais.
    Claire olha para baixo.
Claire: Eu faço o que eu quiser, Conrad. Bom, fala logo! O que quer que eu faça?
Conrad: Converse com o Heaven. Você é a única amiga que ele tem. Peça a ele para que ele saiba separar as coisas. 
Claire: Vou ver o que eu faço, nem que pra isso tenha que diminuir o Sensor de mortalidade dele. Acho que deve estar apurado demais.
Conrad: Por favor. Eu vou te agradecer por isso.
    Claire olha firme nos olhos de Conrad e sorri. Ela se aproxima dele e tenta beijá-lo. Conrad se afasta, impedindo o beijo.
Conrad: Claire, não... Por favor. Não.
    A Reaper olha o vazio.
Claire: Me desculpe... Foi mal! Eu tô de saída.
Conrad: Tudo bem.
Claire: Mais tarde, conversarei com o Heaven. Fique despreocupado. Até logo, Conrad.


CENA 10. ROSALE HILL - DIA



 
[Música Tocando: Summer - Calvin Harris]

  As seguinte imagens nos são apresentadas:
1. Sky acordando. Ele se arruma e sai para correr e passear com seu cachorro no parque.
2. Dakota está em sua cama após uma noite de bebidas. Ela toma um remédio para dor de cabeça e se levanta.
3. Heaven pega seu skate e sai de casa às pressas. 
4. Claire se teletransportando e arrancando almas destinadas. 
5. Conrad com outras modelos num ensaio fotográfico para a agência. 
6. Heaven faz manobras radicais com seu skate no parque. Ele dá um salto por cima de Sky, que o observa, mas continua a correr com seu cachorro. 

  A música encerra e a tela escurece, depois vemos Heaven sozinho numa floresta escura. Os olhos e a boca sangrando. Alice aparece misteriosamente, amedrontada. Ele corre atrás da garota que se esconde atrás de uma árvore. Ela tenta não fazer ruído, mas ele a encontra e ela grita. 


CENA 11. CASA DA FAMÍLIA SUMMERS/QUARTO DE ALICE INT. DIA

      Alice grita, acordando de um pesadelo. Ela corre até o banheiro, lava seu rosto e mira o espelho por meio minuto. 
Alice: Meu Deus! De novo não... O que é que tá acontecendo comigo?!
Voz Off: Alice? Filha... Você está aí?
Alice: Estou no banheiro, pai!
Voz Off: Está tudo bem?
   Ela sai do banheiro meio nervosa. Richard Summers (Mark Wahlberg) entra no quarto.
Alice: Está sim (sorri).
Richard: Parece que eu ouvi você gritando. Está tudo bem, mesmo?
Alice: Está sim. Pode ficar tranquilo.
    Richard senta-se na cama de Alice. 
Richard: Você não está sentindo mais nada, não é?
Alice: Pai... Está tudo bem. Eu estou legal. Nada mais me incomoda.
Richard: (sorri) Não sabe o quanto eu fico feliz por você não ver mais as coisas que você dizia que via. Eu me sinto aliviado.
Alice: Eu sei, pai. Eu também estou feliz. 
Richard: Me doeu tanto ter colocado você naquele lugar... 
Alice: Foi para o meu bem, okay? Eu estava descontrolada. Mas agora eu estou ótima e não pretendo por meus pés ali nunca mais.
Richard: Vida nova, certo?
Alice: Claro! (sorri) Pra começar, ontem eu tive altas conversas com a Dakota e ela me deu muitos conselhos para me dar bem aqui na Califórnia. Ela disse que eu tenho talento.
Richard: Não foi a primeira. 
Alice: E mais! Ela disse que eu posso contar com ela sempre que eu precisar. Falou que se eu quisesse modelos emprestadas para algum pequeno desfile meu, ela me emprestaria. 
Richard: Que bom, fico feliz por você, querida.
Alice: Amanhã, eu vou procurar por tecidos novos e algumas máquinas de costura para começar meu trabalho. Eu mal posso esperar!
Richard: Vai precisar de gente com você, Alice.
Alice: Não se preocupe, papai. Eu sei me virar sozinha. Eu trabalho sozinha. Até que aqui é melhor que Nova Iorque. Já amo esse lugar.
Richard: É o seu novo lar, fique à vontade.
Alice: Obrigada! Agora, por favor, me deixe sozinha. Eu vou me arrumar.
Richard: Okay (sorri).
    Richard dá um beijo na testa da filha e sai do quarto. Alice puxa uma caixa de cima de uma estante e tira um monte de papéis com desenhos feitos por ela. E em um deles está a imagem de Heaven, pintada com grafite.
Alice: Eu sabia que eu conhecia aquele garoto de algum lugar... Mas eu não estou entendendo... Como ele pode ser um desses demônios? Como assim... Ele é humano. Não! Essas coisas de novo, não.


CENA 12. PARQUE DE ROSALE HILL - DIA

   Heaven está andando de skate pelo parque e Claire o aborda. 
Heaven: O que você está fazendo por aqui? Pensei que iria selar almas em outro canto.
Claire: Quero ter uma conversinha com você.


[TELA PRETA]




CENA 13. MANSÃO DA FAMÍLIA DANIELS/SALA INT. DIA

   Sky entra em casa após chegar do parque. Dakota está na sala trabalhando com sua equipe da agência. Ela a deixa e vai ao encontro do filho. 
Dakota: Sky, eu quero falar com você.
Sky: (sério)O que foi agora?
Dakota: Eu conversei com o diretor da clínica de reabilitação e disse que você não voltaria mais para lá. 
Sky: Fez bem. Eu não voltaria nem se você quisesse.
Dakota: Espera. Eu inscrevi você em uma escola de artes em Los Angeles, Grand Art Academy, você sempre quis ir para lá. Terá aulas duas vezes por semana.
Sky: Era isso? Acha que isso vai compensar os seis meses que eu passei internado naquele inferno daquela clínica? Não!
Dakota: Eu não estou compensando nada.
Sky: É o que parece... Ou isso está mais para uma tentativa de me distrair. Vai me enganar por quanto tempo, hein, mamãe? Isso só indica que você quer me manter longe do meu passado porque sabe que é a única que pode me levar até ele.
Dakota: Não é isso. Quando vai parar de colocar a culpa em mim? Sky! Eu não sei sobre nada da sua família, ok?
Sky: Não se preocupa. Eu vou saber me virar sozinho na minha procura por respostas. 
Dakota: Essa sua busca é insensata.
Sky: Mais insensata que essa tentativa de me manter longe do que eu já vivi, não pode ser. Com licença.
     Sky sai. Dakota observa-o sair e volta para o trabalho.


CENA 14. CASA DA FAMÍLIA SULLIVAN/COZINHA INT. DIA

       Claire conversa com Heaven enquanto o garoto faz um lanche.
Claire: Sei que pode parecer esquisito, mas é assim que tem que ser as coisas, Heaven.
Heaven: Acha mesmo que eu vou deixar de agir decentemente para me divertir? Ser um Reaper é um trabalho sério.
Claire: Por favor... Me entenda. Eu não quero que os superiores, muito menos Violence, descubram que você está viciado em arrancar almas, Heaven.
Heaven: Eu não estou viciado. Estou fazendo o meu trabalho e é só isso. Assim como a minha mãe fazia, eu vou fazer.
Claire: Sua mãe era uma Reaper Pura da alta classe. Ela era de origem Reaper. Você é um mestiço, não pode fazer tudo o que nós Reapers fazemos. Até mesmo nós temos uma quantidade de almas para selar. Você está atingindo todos os limites. Lembra do que o mestre Maian lhe ensinou?
Heaven: Aquele velho me deu abrigo por um ano só pra me maltratar e me dar lições de moral.
Claire: Aquele velho te ensinou a ser mais forte que muitos mestiços por aí. 
Heaven: Ele não me ensinou o que eu quero saber.
Claire: E nem vai. Pra que você quer arrancar várias almas sem se movimentar? Tá maluco? Isso é coisa de gente louca. Você não pode fazer isso. 
Heaven: Por que você tá implicando comigo, agora? Tá parecendo o meu irmão. Não vai me dizer que ele pediu pra você me dar conselhos?
Claire: Não. Eu estou te aconselhando como amiga. Seu irmão também está certo quando implica com você, Heaven. Tudo o que nós queremos é o seu bem. Eu sei que você ama ser um Reaper, precisa estar conosco e eu te dou maior apoio, mas não apoio esse seu descontrole.
Heaven: O que quer que eu faça?
Claire: Quero que você tome juízo e comece a agir conforme às regras. Nada de sair arrancando a alma de todos os Destinados que lhe aparecerem pelo caminho. Todos nós possuímos o controle e nossas quantidades de Destinados. Você não pode fugir dessa quantidade, porque quando os superiores, principalmente a Violence, te pegarem, você vai estar em maus lençóis.
Heaven: Era só isso o que tinha pra me dizer?
     Claire se levanta.
Claire: Sim. Era só isso.
Heaven: Eu vou pensar no assunto, aí eu te digo.
Claire: Não vá fazer nenhuma besteira, Sullivan! 


CENA 15. MANSÃO DA FAMÍLIA DANIELS EXT. DIA


   
[Música Tocando: Goodbye For Now - P.O.D.]

   Sky coloca mochilas no banco de trás de seu carro e uma mala no porta-malas. Dakota aparece e percebe o que filho está fazendo.
Dakota: Sky?! Pare... Aonde você vai?
Sky: Eu vou fazer o que eu já devia ter feito há muito tempo e você nunca me permitiu.
Dakota: O que vai fazer?
Sky: Oras, se a senhora não quer me ajudar. Eu vou me ajudar da melhor forma possível. Vou correr atrás de respostas. 
Dakota: Filho, não faça isso! Pelo amor de Deus!
     Sky para e fita sua mãe.
Sky: Não coloque Deus no meio do seu joguinho de chantagem, mamãe. Não vale à pena.
Dakota: Sky, pare, por favor.
    O rapaz entra no carro.
Sky: Não tente me parar. Eu já estou decidido.
Dakota: Meu filho, não! Saia já desse carro!
      Dakota entra na frente do carro.
Sky: Saia já da minha frente.
      Ele liga o carro e começa a movimentá-lo. Dakota sai da frente.
Sky: Eu volto assim que encontrar alguma coisa. Não me espere para jantar.
     Ele dispara com seu carro pela rua.


CENA 16. PRAIA DE ROSALE HILL - DIA

    Claire passeia pela praia despreocupadamente e é abordada por ENVY (Garspard Ulliel). A garota fica séria ao vê-lo.
Envy: Ora, ora, quem eu vejo por aqui? A ceifeira mais estilosa e malvadinha da região.
Claire: O que você quer? Não me enche.
Envy: Eu não quero nada. Só estou em uma missão bastante divertida. E você? Ainda servindo de babá para aquele Sullivan?
Claire: Me erra.
Envy: O que houve? Perdeu o senso de humor?
Claire: Qual deles? O menino ou a menina? (séria)
   CAM focaliza duas crianças nadando na praia.
Envy: Assim que eu gosto... O que anda aprontando? Sumiu daqui assim... Ultimamente Rosale Hill está recheada de mortes, você está perdendo a diversão.
Claire: Só morte delicada e sem sangue (voz preguiçosa) Como a que você está pretendendo fazer neste exato momento. Eu preciso de destruição, my dear. Mortes em tiroteios, assassinatos... O Brasil é cheio delas.
Envy: Sabe do que eu gosto... É disso daqui que eu gosto! E respondendo a sua pergunta: É a menina!   
  Ele some da frente da garota e aparece perto da menina, que se afoga, o menino tenta ajudá-la, mas não consegue, ela se debate na água tentando nadar só que ela acaba indo para o fundo e é possível ver apenas o laço de seu cabelo, boiando numa onda; O Reaper segue para o meio das ondas e nem se preocupa com os gritos do menino pedindo por ajuda, ele arranca a alma da menina que não respira mais.
Claire: (enojada) Meu Deus!
     O rapaz volta ao seu encontro.
Envy: Gostou? (sorri)
Claire: Odeio ver crianças sendo mortas, principalmente assim... Em suas mãos. Sabia que os humanos têm maneiras de trazê-las a vida quando elas se afogam?
Envy: Quer zoar com a minha cara? Isso não é morte.
Claire: (séria) Eu sei idiota, tô brincando. Mas por que a menininha morreu mesmo?
Envy: Problemas respiratórios. Um afogamento trágico lhe resulta em morte fatal.
Claire: Você é tão nojento.
Envy: Alguém precisa fazer essa nojeira, não é mesmo? Então, me diga por que você estava andando materializada ontem?
Claire: Estava me divertindo e ainda estou.
Envy: Se a Violence souber disso... Ela te mata.
Claire: Eu já estou morta. (sorri) A Violence não vai saber se você não contar... E como soube?
Envy: Nunca vi humanos conversando com Reapers, a não ser com os mestiços. Esta cidade é grande, mas eu conheço alguns rostos. Claire, aquele seu amigo, Heaven Sullivan... Ele está...
Claire: Está selando mais Destinados do que lhe são dados em tarefa. Eu já sei. O irmão dele veio me alertar.
Envy: O garoto é um psicopata! Isso porque ele é humano e reaper ao mesmo tempo, imagina se ele fosse um original? Não ia sobrar trabalho pra ninguém.
Claire: Eu tenho que deter ele. Ele disse que não faria mais, mas é melhor não confiar. Por mim, eu o deixava, mas Conrad me lembrou do perigo. Vou ajustar seu sensor de mortalidade. Está fazendo um estrago.
Envy: Estrago? Ele está fazendo é o certo! Mesmo que seja um mestiço, ainda pode consertar o erro de sua existência: Sendo um Reaper e agindo como um original. Ele tá melhor que você que deu agora pra ficar circulando por aí feito humana. Jantando em restaurantes caros e dormindo em quartos de luxo.
Claire: Pelo menos eu cumpro minhas obrigações.
Envy: Isso vale, mas não chega a tanto. Daqui a pouco você vai estar igualzinha ao Conrad: Bebendo, fumando, trabalhando com humanos, tendo uma casa própria e saindo com homens.
Claire: Conrad não sai com homens!
Envy: Eu me refiro a você!
Claire: Ah! Fala sério... Conrad é humano e Reaper. Eu sou apenas uma Reaper e só quero me divertir com esses mortais! (sorri)
Envy: Mas já foi uma mestiça... E se quer se divertir só não vá fazer nenhuma bobagem. Lembre-se que Violence é uma praga viva e se ela descobre algum erro no sistema, ela vem aqui só pra atazanar! E quando ela vem atazanar um... Ela vem pra atazanar a todos! Espero que você não traga ela pra cá, porque se você trouxer, eu acabo com você!
Claire: Não tenho medo de você, Envy. Eu tenho medo de Violence e das suas falcatruas. (sorri)
    Envy anda, se afastando de Claire.
Envy: Pois bem. Eu estou indo... Vou selar alguma Destinada na Itália. 
Claire: Aproveite e se jogue da Torre de Pisa! (sorri)
Envy: Pode deixar! Eu amo Bungee Jumping! (sorri)
   Uma chama azul e negra envolve o corpo de Envy que desaparece em seguida. Claire olha para a praia. Pessoas aproximam-se do local. Um homem nada e pega o corpo da menina. A câmera dá um close no rosto de Claire, ela vira o rosto e olha novamente para a câmera.



CENA 17. SAÍDA DE ROSALE HILL - DIA

Sky está em sua Ferrari. O rapaz olha para frente, liga o rádio e entra em uma rota para ir para outra cidade.



[Música Tocando: Goodbye For Now – P.O.D.]

    Ele acelera por uma estrada deserta, indo para Los Angeles. Árvores dão sombra ao asfalto. Poeira cobre todo o caminho e invade o para-brisa do carro.
Sky: Dakota acha que eu não sei me virar. Ela é que continue achando. 
  Sky abre sua carteira e tira de dentro uma foto antiga dele quando bebê, atrás está um casal, mas o rosto é quase impossível de se ver por causa de manchas na foto.
Sky: Mãe, pai... Eu juro que eu vou encontrar vocês dois e vos farei pagar muito caro por tudo o que me fizeram. Eu prometo! 
   Sky guarda a foto e olha para o celular; no visor várias ligações de Dakota, ela está ligando novamente e o garoto desliga o telefone.
Sky: Até mais, mãe!
  Sky sente que está sendo seguido e acelera. Ele não consegue ver quem o está seguindo. As latas de cerveja que ele bebeu dançam no banco de tras do carro. De repente ele não enxerga a estrada em sua frente.
Sky: Maldita bebida... Ai! 
   Ele esfrega os olhos tentando recuperar a visão. Uma luz forte em seus olhos e ele não percebe mais nada. O carro em que está segue para fora da estrada em alta velocidade e capota.


[Música Encerra]


   Corta para o carro de Sky, capotado. Sky está de cabeça para baixo e sangrando. A câmera assume sua visão e se mostra embaçada. Um close é dado na testa do rapaz que está sangrando muito. Do outro lado, o combustível começa a escapar e ser derramado na plantação seca da barragem. Sky ouve o líquido derramando.
Sky: Meu Deus! Socorro! Alguém me ajuda! Socorro!
  Ele tenta gritar mais alto, só que está tonto e quase desmaiando. Poucos metros dali está Heaven. O garoto está agachado, olhando a cena, entediado. Ele se aproxima do carro e olha bem para Sky: Sangrando e com medo da morte.
Heaven: Hum... Vamos ver... Carbonizado? Vai ser mais difícil do que eu pensei.
Sky: (ofegante)V-você! Me ajuda... 
     Heaven leva um susto.
Heaven: Como? (atônito)
Sky: Me ajuda por favor...
Heaven: (pensamento) Ele consegue me ver? Mas como?!
Sky: Rápido... Por favor. Eu tô preso aqui!
 Heaven fica perplexo. Seus olhos se voltam para a estrutura do carro. Ele ainda está confuso.
Heaven: Não importa! Você! Está preparado?
Sky: O quê?! Me tira daqui... Por favor... Me tira! Eu preciso...
Heaven: É... Eu acho que está...
   Heaven impulsiona seu braço para trás. Sua mão direita começa a pegar fogo, mas um fogo negro e alaranjado. As pontas de seus dedos cintilam e as chamas que as envolvem produzem um barulho como se fossem faíscas. Ele mira no rosto de Sky. A câmera dá um close no rosto de Sky que está desesperado e consegue enxergar a luz avermelhada na mão de Heaven.
Sky: O-o que você está fazendo?!
   A câmera dá um close no rosto de Heaven. Os olhos dele mudam de cor, de azul para vermelho. Os olhos são destacados. Ele suspira. A tela escurece


Heaven (Voice Off): Chegou a sua hora, alma Destinada!


FADE OUT


*FIM DO EPISÓDIO*